Antes, as listas de 2016, 2017, 2018 e 2019.
Seguem os títulos que li esse ano. Ler foi melhor que viver em 2020. Como sempre, o aviso: são apenas impressões pessoais e não se pretendem como crítica especializada.
1. O Que Me Faz Pular — Naoki Higashida
O livro é importante por ter sido um tipo de avanço na comunicação entre pessoas autistas com barreiras de comunicação. No entanto, achei primário demais o debate. É bom pra começar, mas sabendo que vai precisar muito mais leitura pra entrar minimamente no debate sobre acessibilidade comunicacional. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
2. Feliz Ano Velho — Marcelo Rubens Paiva
Releitura. O livro me toca tão profundamente, que senti tudo de novo, como se estivesse lendo pela primeira vez. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
3. Eu, travesti_ Memorias de Luisa Marilac — Nana Queiroz
A gente sabe, de um modo apenas teórico e superficial, que todo meme tem pessoas reais envolvidas. Só lendo este livro é que eu passei do “saber” para o “sentir” a realidade da vida de pessoas que existem de verdade. Não tem como ler a história da Luiza e não sair nada menos que impactado.
4. Ricardo e Vânia — Chico Felliti
De maneira semelhante ao livro anterior, este aqui também me trouxe pra perto de sentir a vida real, aquela que a gente não assiste na novela ou no filme, a vida banal e cruel, a vida crua dos esquecidos, dos comuns, a vida de verdade.
5. A Queda — Albert Camus
É curto e potente. Tanto que acho que precisarei ler novamente pra conseguir captar mais. Futura releitura, certamente.
6. A Filha Perdida — Elena Ferrante
Não li nada da Ferrante que não tenha me atingido com força até agora, principalmente porque me faz sentir que estou sendo exposto àquela parte da experiência de ser mulher que os homens não contam por não serem capazes, e que as mulheres não contam por não lhes permitirem. Claro, partindo ainda de uma interpretação bem binária de gênero. De toda forma, mal posso esperar para ler o próximo de Elena.
7. A vegetariana — Han Kang
Toda vez que leio qualquer livro, por menor que seja, de algum lugar que fuja do eixo América-Europa, eu me pergunto por que eu não faço isso mais vezes. Encantador e assustador, ler este livro foi como um puxão de orelha.
8. Deixe as estrelas falarem — Lady Sybylla
Premissa que, de tão simples, foi surpreendente. Queria que a ficção científica fosse sempre mais e mais assim.
9. Frankenstein — Mary Shelley
Sim, foi finalmente este ano que cheguei a esta história. Primeiro, descobri que a cultura pop mentiu pra mim e que muito pouco do que sabemos sobre o monstro tem realmente a ver com esta história. De toda forma, ainda bem que li. É muito mais profundo e tocante do que todos os grandes homens alardeados pelo cânone da ficção científica.
10. O Cortiço — Aluísio Azevedo
Releitura. Voltei porque gosto de ler este livro.
11. O menino feito de blocos — Keith Stuart
Ranço define. História clichê sobre pais de autista para emocionar pessoas sem deficiência. A boa técnica literária do autor disfarça bem o capacitismo da premissa. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
12. O homem e seus símbolos — Carl G. Jung
Jung é o cara que me dá o que eu preciso pra ser místico sem me sentir alienado. No mais, foi uma leitura indispensável pra eu fazer os progressos que fiz no meu processo psicoterapêutico este ano. Não é simples, não é fácil, mas existir nunca é também.
13. Os Sofrimentos do Jovem Werther — Johann Wolfgang Goethe
Li pela fama. Má fama, aliás. Achei chatíssimo.
14. The Sociology of Harry Potter: 22 Enchanting Essays on the Wizarding World — Jenn Sims
Poxa, e pensar que houve um ponto ainda este ano em que eu não me sentia envergonhado de ler qualquer produção e interpretação acadêmica sobre a obra da transfóbica. Para além do meu rancor com a autora, tem ensaios muito interessantes aqui, outros bem forçados. Mas recomendo.
15. A Tempestade — William Shakespeare
A máxima de que Shakespeare já escreveu sobre tudo nunca me soou tão verdadeira. Aqui eu descobri que ele já havia escrito a série Lost.
16. Espere agora pelo ano passado — Philip K. Dick
Eu nem me lembrava de ter lido esse. Mas fiz uma breve pesquisa aqui pra relembrar, e percebi que achei monótono, embora tenha percebido as críticas interessantes que o autor faz sobre nossa organização política e social. Não marcou.
17. Céu sem estrelas — Iris Figueiredo
Leve sem ser descartável, profundo sem ser maçante, toca em temas interessantes de um jeito sensível e verdadeiro. Também é esperançoso, e se tem uma coisa que me fez falta esse ano, foi sentir esperança.
18. Se deus me chamar não vou — Mariana Carrara Salomão
Já esse, pelo contrário do anterior, é pesado. Faz pensar. Mas, melhor do que isso, faz sentir.
19. O Peso do Pássaro Morto — Aline Bei
Não consigo definir o que foi a experiência de ler a prosa poética de Aline, porque ela trabalha as palavras de um jeito todo particular, sem deixar de se preocupar com a história que as palavras estão contando, coisa que a maioria da galera que pretende escrever prosa poética acaba fazendo. O que significa dizer que, apesar do tema desconfortável, ler este livro foi um carinho.
20. Nada me Faltará — Lourenço Mutarelli
Só agora que parei pra escrever sobre ele, é que percebi que a revolta do protagonista foi um tipo de prenúncio da minha revolta diante da catástrofe existencial que foi 2020. Tem que ler.
21. A máquina do tempo — H. G. Wells
Releitura. Quis conferir se minha interpretação mudaria. Acho que não mudou, porque eu não me lembro. Gosto bem.
22. Piquenique na estrada — Arkádi Strugátski e Boris Strugátski
Estou até agora chocado com como eu me dei conta de que havia me acostumado com uma formulinha de ficção científica muito formatadinha no pensamento estado-unidense e o quanto ter me acostumado com isso me privou de ler grandes histórias especulativas. Este livro me deixou pregado no sofá por algumas boas semanas.
23. Não arranquem os vermes de mim — Anderson Bernardes
Eu não me lembro deste, mesmo depois de ter pesquisado e lido a sinopse. Acho que li dormindo, será?
24. Ensaio Sobre a Cegueira — José Saramago
Releitura. Primeiro, devo dizer que eu li pela primeira vez logo quando estava começando a perder a visão. Disso decorre a dica: por gentileza, não recomendem nada sobre cegueira a quem está perdendo a visão. Porque, depois de ter me informado sobre deficiência e de ter pensado muito sobre o livro com esse novo conhecimento em perspectiva, e de ter relido finalmente, lamentei o fato de que, durante muito tempo, eu achei esta uma obra prima, quando, na verdade, ela é a epítome de uma mentalidade preconceituosa e capacitista que faz com que o tema da deficiência seja sempre abordado como a tragédia do sujeito ou, nesse caso, a tragédia de uma nação inteira. Saramago é um gênio literário e isso não é o que estou discutindo. O que contesto aqui é por quais motivos obras que apelam tanto para a fobia social de tornar-se uma pessoa com deficiência são aclamadas como grandes histórias. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
25. Jogos Vorazes — A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes — Suzanne Collins
Eu gostei bastante. Achei que a autora conseguiu sustentar o universo que criou sem apelar para a nostalgia ou o “fan service” de remeter-se à trilogia original. Fico aguardando mais da história do Snow, pois achei mais interessante por permitir uma perspectiva mais adulta do universo de Panem.
26. O Livro das Sombras — La Belle Sauvage — Philip Pullman
27. O Livro das Sombras — A Comunidade Secreta — Philip Pullman
Eu queria saber o que se passa com escritores britânicos de fantasia contemporâneos que conseguem fazer uma primeira leva maravilhosa e, logo em seguida, fazem questão de estragar aquilo que fizeram com continuações ou prequelas completamente exdrúxulas (Sim, transfóbica, eu também estou olhando pra você). O terceiro livro dessa trilogia nova nem saiu e eu já detesto, porque o Pullman cagou duas vezes seguidas aqui, já. P. S.: é 2020 e tem autor ainda achando legal estupro ser dispositivo narrativo para motivar personagens.
28. Plurais — Uma antologia protagonizada por pessoas com deficiência — Vários Autores — Se Liga Editorial
Ruim, muito ruim, péssimo. Mirou na representatividade de pessoas com deficiência, acertou no reforço de clichês capacitistas completamente primários. Um desserviço. Desrecomendo completamente. Ofensivo. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
29. por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça — Reni Eddo-Lodge
O que dizer, não é? Apenas necessário. Colegas brancos, leiam.
30. Olhe Nos Meus Olhos — John Elder Robison
Como faz diferença ler sobre um tema pelo próprio ponto de vista da pessoa que vivencia aquele tema. Ao contrário da impressão deixada em “O que me faz pular”, aqui a sensação de realmente ter entrado em contato com a vida de 01 pessoa autista é real. Fiz considerações sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
31. Alice: Edição Definitiva Comentada e Ilustrada — Lewis Carrol
Releitura. Não é à toa que o meu nome próprio favorito é Alice.
32. O Caçador Cibernético da Rua Treze — Fábio Kabral
Depois que conheci o movimento afrofuturista, não consigo mais ler a maioria das banalidades eurocêntricas com o mesmo entusiasmo. E depois que conheci este livro do Kabral, espero entusiasticamente mais um, e mais outro.
33. The Sandman — Neil Gaiman (Hq em audiolivro)
34. Nimona — Noelle Stevenson (HQ em audiolivro)
Apesar de não serem obras relacionadas, vou juntar essas duas aqui pois foram a minha mais nova experiência de leitura. Como eu queria ter conhecido antes o nicho de Adaptação de HQs para audiolivro. Há muito tempo eu queria ler Sandman, mas por falta de acessibilidade, não podia. Este ano, com a DC lançando em audiolivro, finalmente conheci uma parte da obra gráfica do Gayman e fiquei encantado. A Noelle também foi outra descoberta maravilhosa, não só com esta HQ mas com a animação She-Ra, na Netflix. Este momento do ano foi bem refrescante.
35. Lugar de Fala (Feminismos Plurais) — Djamila Ribeiro
Também não tem o que dizer, além de: necessário. Colegas, reconheçam os privilégios dos quais usufruem e leiam, pra estarem cientes de onde vocês
falam.
36. Avatar — The Last Airbender — The Rise of Kyoshi — F. C. Yee
37. Avatar — The Last Airbender — The Shadow of Kyoshi — F. C. Yee
Eu só queria que todo o universo de Avatar virasse livros como este. Acho que, atualmente, é o universo fantástico que mais me envolve. Entrar nele por meio da prosa foi apenas fantástico. Pra terminar: Kyoshi > Korra > AAng.
38. Malorie — Josh Malerman
Continuação de “Caixa de Pássaros”. Não vou dizer que foi ruim de ler. Apenas que foi vazio. A pergunta que ficou foi: pra quê?
39. The Earthsea Cycle — A Wizard of Earthsea — Ursula K. LeGuin
40. The Earthsea Cycle — The Tombs of Atuan — Ursula K. LeGuin
41. The Earthsea Cycle — The Farthest Shore — Ursula K. LeGuin
Releitura do primeiro. Quis retomar para ler todos os volumes da série. Apesar de o primeiro ser primoroso pra mim, a narrativa vai perdendo fôlego cada vez mais. Já no segundo quase não termino, apesar de ser, no fim das contas, outra história bem boa. Mas no terceiro, que nem é longo, demorei mais de duas semanas, o livro parece que não acaba nunca, ao mesmo tempo em que a impressão é de que nada acontece (feijoada). Por ter notado a progressão de lentidão, acabei desistindo de continuar na série.
42. A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil — Becky Chambers
43. A vida compartilhada em uma admirável órbita fechada — Becky Chambers
44. Os Registros Estelares de Uma Notável Odisseia Espacial — Becky Chambers
Os 3 volumes da chamada saga Wayfarers. Coloquei os títulos dos volumes brasileiros só pra poder reclamar que eu precisei ler em Inglês porque a editora da série, no Brasil, se recusa a vender as versões digitais. Depois da bronca, a aclamação. Chambers consegue falar de muitos temas de maneira profunda e instigante, encantadora e apaixonante. Se eu continuar escrevendo sobre esses livros, vai ser um grande amontoado de adjetivos positivos. O segundo da saga me apunhalou como poucas histórias me apunhalaram até hoje. Indispensáveis pra quem curte ficção científica.
45. PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS — O Ladrão de Raios — Rick Riordan
46. PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS — Mar de Monstros — Rick Riordan
47. PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS — A Maldição Titã — Rick Riordan
48. PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS — A Batalha do Labirinto — Rick Riordan
49. PERCY JACKSON E OS OLIMPIANOS — O Último Olimpiano — Rick Riordan
Releitura do primeiro para, enfim, ler a série inteira. Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim. Passei do tempo de ter lido, poderia ter sido mais divertido, se eu tivesse lido mais jovem.
50. CASA DE ALVENARIA: Diário de uma ex-favelada — Carolina Maria de Jesus
Tudo que eu esperava de Carolina, Depois de ter lido “Quarto de despejo”, voltei a encontrar aqui. Gosto de sentir que, finalmente, ela está recebendo o reconhecimento merecido pela potência literária que foi. Uma pena que só depois de tanto tempo.
51. Flores para Algernon — DANIEL KEYES
Não tem como sair ileso dessa leitura, ainda que você leia ela de um ponto de vista capacitista. É inovadora porque é uma história sobre um personagem com deficiência que permite que seu protagonista conte a própria história. Infelizmente, não temos muitos bons exemplos disso até hoje, vide o comentário feito sobre “O menino feito de blocos”. Demorei demais pra finalmente ler este clássico, mas acho que li no tempo certo. Transformador. Fiz comentários sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
52. A Terra Partida — A Quinta Estação — N. K. Jemisin
53. A Terra Partida — O Portão do Obelisco — N. K. Jemisin
54. A Terra Partida — O Céu de Pedra — N. K. Jemisin
Junto com a Becky Chambers, N. K. Jemisin foi outra agente transformadora na minha maneira de sentir histórias esse ano, graças a essa trilogia. Reflexões importantíssimas conduzidas com uma construção de universo que te faz esquecer que você não vive, de fato, naquela realidade do texto. Uma protagonista foda de interessante. Foi com esta série que eu realmente compreendi, apesar de já ter ouvido falar antes, do conceito de fantasia científica como gênero narrativo.
55. Série Scythe — O Ceifador — Neal Shusterman
56. Série Scythe — A Nuvem — Neal Shusterman
57. Série Scythe — O Timbre — Neal Shusterman
Qualquer obra que se proponha a debater a morte como tema central da narrativa já tem meu interesse imediato. Essa trilogia fala daquilo que a gente não costuma pensar: o que aconteceria se, de fato,a espécie humana finalmente conseguisse a imortalidade. Só que de um ponto de vista sociológico global, não do ponto de vista individual e monstruoso, como já estamos cansados de ver em criaturas como vampiros e etc. Depois que ninguém mais morrer, como fica a humanidade? Excelente especulação.
58. Pantera Negra — O Jovem Príncipe — Ronald L. Smith
Tenho experiências ruins com os livros que novelizam arcos dos quadrinhos da Marvel. Até hoje, de todos que experimentei, apenas o do Demolidor consegui gostar. Por isso, comecei esse com medo, porque eu queria muito gostar de uma novelização desse personagem tão encantador. E, para meu alívio, o livro conseguiu ser interessante, bem escrito e instigante, mesmo sendo sobre um arco no qual T’Challa ainda nem se tornou o Pantera Negra. Ansioso para o próximo.
59. Artemis — Andy Weir
É o mesmo autor de “Perdido em Marte”, mas eu só descobri isso depois de ter terminado. E isso explicou muito do meu ranço. Apesar de eu achar “Perdido em Marte” gostável, uma das coisas que me irritavam é o ar de “deixa eu te explicar aqui esse monte de coisa de exatas que certamente você, leitor comum, não vai saber, enquanto eu faço piadas sem graça para o homem ocidental padrão”. Daí, nesste segundo tem tudo isso, só que o autor resolveu que ia ser “representativo”, e colocar uma mulher como protagonista e ter personagens de outras etnias e orientações sexuais. E ele só conseguiu fazer clichês de cartolina, nenhum personagem tem profundidade. Ele, pra mim, errou tão rude, que nem o personagem que é um SOLDADO AMERICANO ele conseguiu representar bem. Achei um desperdício de leitura.
60. Um antropólogo em Marte — Oliver Sacks
Por outro lado, sabendo que era Sacks, eu já entrei nesse livro gostando. E não me decepcionei. A sensibilidade de Oliver é ímpar, poucos médicos divulgadores conseguem abordar temas sensíveis com tanta alteridade e sinceridade, sem esquecer de que ele está falando de vidas humanas, não só de condições neurológicas. O debate sobre deficiência, nessa obra em específico, é bem enriquecido, mesmo sendo um livro dos anos 1990. Fiz comentários sobre este livro neste episódio do podcast Boteco dos Versados.
61. O Labirinto Do Fauno — Guillermo del Toro e Cornelia Funke
Se tem alguém que ainda é capaz de afirmar, com a pachorra que só alguém muito ignorante pode ter, que fantasia e ficção especulativa é mero escapismo, precisa ler este. Bem, na verdade, precisa assistir ao filme de mesmo nome. Das raras vezes em que o curso das coisas é invertido e um filme vira livro posteriormente. Também só assisti ao filme pela primeira vez este ano, e lamentei muito não tê-lo apreciado antes. O livro não deixa nada a desejar ao filme.
62. Ideias Para Adiar o Fim do Mundo — Ailton Krenak
Curto e direto ao ponto. Cada frase é um paradigma novo que a gente é levado a questionar. Outro necessário. Eu diria até obrigatório. 80 páginas, gente, não custa nada. Vai ler!
63. Se a Rua Beale Falasse — James Baldwin
Eu não poderia ter terminado o ano melhor. A sensibilidade narrativa de Baldwin é invejável, pois consegue impregnar de beleza estética cenas que, de outra maneira, seriam apenas feias. Ele consegue perceber beleza mesmo no mais profundo dos buracos e, sobretudo, consegue fazer com que o leitor perceba também tanta beleza. Mas não se engane, isso não significa que a história é menos dura, dolorosa, sofrida; ou que a crítica é menos pungente. A cada livro, me apaixono mais pelo autor.
***
Afinal, tem muita coisa legal nessa lista. Não foi surpresa notar que as leituras que mais me marcaram foram aquelas que me transportaram para mais longe de mim e do mundo. Se posso concluir algo, mesmo que nem seja minha intenção concluir nada com essas listas, é que sem o escapismo da arte, eu estaria fadado à autodestruição. Que 2021 seja mais gentil conosco.