Antes, as listas de 2016, 2017 e 2018.
Ano difícil e descaralhador, e isso ficou refletido no pouco esforço que fiz pra ler coisas diferentes. Como sempre, o aviso: os comentários sobre os títulos são apenas impressões, não se pretendem como crítica. Embora alguns eu nem lembre o bastante pra ter alguma impressão.
1. Caixa de pássaros — Josh Malerman
Releitura que fiz por conta do filme que estreou na Netflix. Havia lido bem antes, e tinha achado fantástico o modo interessante como a cegueira é tratada aqui, fora do clichê capacitista. Mas descobri que a releitura não valoriza o livro. Ainda assim, recomendo sempre.
2. THANOS: SENTENÇA DE MORTE — Stuart Moore
Chato, muito chato, chato pra caralho. Depois desse, desisti de pegar romantizações de quadrinhos pra ler. O único que prestou até hoje foi o do Demolidor mesmo.
3. O Clube dos Suicidas — Robert Louis Stevenson
Não me recordava de que tinha lido, até precisei fazer uma busca pra lembrar do que se trata. De fato, foi uma leitura bastante interessante, enquanto acontecia. Não sei dizer se o fato de ter esquecido diz mais sobre mim ou sobre o livro, embora eu tenha gostado de ler.
4. Memórias Póstumas de Brás Cubas — Machado de Assis
Machado só acerta, quando o assunto é romance. Triste sempre constatar, no entanto, o quanto a crítica afiada dele continua atual. Sempre que leio Machado me questiono sobre a máxima “a gente tem que levar em conta o contexto da época”, quando lemos autores e temas problemáticos (como vai acontecer na lista, mais adiante). Machado estava sendo crítico e atual desde sempre, muito à frente de seu tempo, de modo que a gente não precisa passar pano pra ele. Gostaria que ele fosse mais valorizado.
5. Memórias de um Sargento de Milícias — Manuel Antônio de Almeida
Li porque embarquei no bonde da época do livro anterior. Esquecível, apesar de dizerem, na escola, que é clássico.
6. Sejamos todos Feministas — Chimamanda Ngozi Adichie
7. Para educar crianças feministas: Um manifesto — Chimamanda Ngozi Adichie
Dois livretos muito importantes. Necessários, inclusive. Obrigatórios, até.
8. 21 Lições Para o Século 21 — Yuval Noah Harari
Só leio o Harari pra consolidar minha falta de esperança na humanidade mesmo. Nesse aqui, inclusive, perdi bem mais a esperança, porque essas 21 lições, infelizmente, jamais serão aprendidas pela humanidade, no meu tempo de vida.
9. A Guerra dos Mundos — H.G. Wells
Gosto muito da ficção do Wells, mas esse aqui é de uma monotonia ímpar. Detestei.
10. O Príncipe da Névoa — Carlos Ruiz Zafón
Esse aqui eu não lembro que li, estou até considerando se eu coloquei na lista por engano. Bem, fica a dica de leitura pro meu 2020 então. Desculpa, gente.
11. Mistborn — Segunda era — A liga da lei — Brandon Sanderson
12. Mistborn — Segunda era — As sombras de si mesmo — Brandon Sanderson
O primeiro começa interessante, mas vai desgastando. O segundo eu penei pra terminar, doeu fisicamente. Não passei, nem pretendo passar, pro terceiro. O Sanderson sofre de um grave problema de não saber quando parar.
13. Tio Tungstênio — Oliver Sacks
14. Uma Vida Sempre em movimento — Oliver Sacks
15. Gratidão — Oliver Sacks
Três livros que, juntos, forma uma linda biografia de um pesquisador que admiro demais. Todas as histórias do Oliver são absolutamente encantadoras, seja sobre sua própria vida, seja sobre as coisas que ele viu na sua prática profissional.
16. Bom Crioulo — Adolfo Caminha
Releitura. Gosto de lembrar desse título quando ouço gente ignorante falando que literatura com temas LGBT é coisa “de hoje em dia”. Embora com os vícios da época, uma boa narrativa pra problematizar racismo e estereótipos de gênero.
17. Boy Erased — Uma Verdade Anulada — Garrard Conley
Difícil de ler, por conta do tema. Eu fico sempre muito revoltado com como gente intolerante e conservadora acha que pode curar as pessoas de serem quem são, sempre achando que estão sendo caridosas. Caridade mesmo é acolher a diversidade.
18. Ensaio Autobiografico — Jorge Luis Borges
Precisarei reler, pois foi uma leitura apressada e sem foco.
19. A Ilha do Dr. Moreau — H. G. Wells
Agora, sim, o Wells sendo foda, descaralhando cabeças.
20. O ódio que você semeia — Angie Thomas
Excelente livro, porque trata o tema do racismo sabendo politizar o discurso e, ao mesmo tempo, dar densidade e peso aos personagens. Mais do que recomendado. Doloroso de ler e, portanto, necessário.
21. Encarcerados — John Scalzi
Eu estava desapontado com o Scalzi desde “A Guerra do Velho”. Aqui, pra mim, ele consegue ser mais profundo nos temas que a premissa da narrativa apresenta. Sem falar que é difícil a gente encontrar a deficiência sendo minimamente levada a sério, sem paternalismo, na ficção científica. Nesse, ele acertou.
22. Você — Caroline Kepnesem
Assustador. Li por causa da série também. Triste ter percebido que tem uma galera (leia-se “homens heterossexuais”) que exalta o protagonista, entendendo completamente errado o argumento da história.
23. Crime e Castigo — Fiodor Dostoievski
MEU DEUS DO CÉU QUE LIVRO CHATO DO CARALHO.
24. Entrevista com o Vampiro — Anne Rice
Delicioso.
25. O Vampiro Lestat — As Crônicas Vampirescas — Anne Rice
Ainda suculento, mas não tão delicioso quanto o anterior.
26. Jogos Vorazes — Suzanne Collins,
27. Jogos Vorazes — Em Chamas — Suzanne Collins,
28. Jogos vorazes — A Esperança — Suzanne Collins,
Releitura. Gostei mais depois de reler. Fico satisfeito em saber que tem uma ficção para jovens adultos com esse nível de crítica política.
29. As crônicas de Gelo e Fogo — O Festim dos Corvos — George R. R. Martin
30. As Crõnicas de gelo e fogo — A Dança dos Dragões — George R. R. Martin
Terminando a releitura da série que eu comecei no ano anterior. Tenho gostado cada vez mais dela, à medida que vou analisando os pormenores.
31. A Bússola de Ouro — Trilogia Fronteiras do Universo — Philip Pullman
32. A Faca Sutil — Trilogia Fronteiras do Universo — Philip Pullman
33. A Luneta âmbar — Trilogia Fronteiras do Universo — Philip Pullman
Releitura. Reli muita saga jovem-adulta, não foi? Essa aqui eu já achava maravilhosa antes. Agora, mais ainda. Apenas percebi que o final da história não continua tão bom pra mim hoje, quanto foi da primeira vez. Mas devo registrar que essa trilogia merece bem mais atenção do que lhe dão.
34. Vozes de Tchernóbil — Svetlana Alexievich
Socos, vários socos no estômago. A autora já havia me conquistado com “A Guerra não tem rosto de mulher”. O modo como ela escreve relatos pessoais que não são seus é de embasbacar. Fora o peso e a dor das histórias que ela conta, que não devem nunca serem esquecidas.
35. E o vento levou — Margaret Mitchell
Peguei pra ler com a empáfia de quem pensa: “obviamente que vou até o fim, pra poder falar mal”. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que a narrativa me fisgou de tal maneira, que eu precisava me forçar a parar de ler. É um livro que precisa ser lido com atenção, para estarmos alerta ao racismo imbuído na época retratada. Mas não consigo negar que é uma narrativa forte, que te puxa e não te solta, até você terminá-la.
36. Fogo & Sangue — Vol. 1 — George R. R. Martin
Foi lendo esse livro aqui que eu descobri porque eu gosto de “As Crônicas de Gelo e Fogo”. Aqui, temos um compêndio de acontecimentos, narrados à guisa de registro histórico, do mundo do Martin. O que tornou essa leitura, pra mim, absolutamente insuportável. Daí que, na série clássica, percebi que o que me interessa mais é a estética/estilo, muito mais do que a sequência dos acontecimentos. Os personagens do Martin são mais interessantes do que o período histórico. Portanto, para mim, fazer da narrativa uma grande enciclopédia foi uma perda no potencial desse universo, uma vez que é o modo como as relações interpessoais se desvelam por conta do contexto político, mais do que as consequências geopolíticas que me fisgam para Westeros. A ausência dos conhecidos capítulos de pontos de vista, com espaço nas entrelinhas para a interpretação do leitor fizeram falta e determinaram meu esforço desagradável de chegar até o final desse livro.
37. A Metamorfose — Franz Kafka
Um clássico é um clássico, não é mesmo? Terceira releitura e eu não canso de ler.
38. Dois Irmãos — Milton Hatoum
Releitura. Forte e denso, apesar de curto. Reler enriqueceu muito mais. Daqueles que merecem muitas e muitas releituras.
39. O quarto de Giovanni — James Baldwin
Encantador. Quero ler outras coisas mais do Baldwin, pois me lembrou muito a sensação de ler Caio F. Abreu, tanto que parti para o livro a seguir.
40. Triângulo das Águas — Caio Fernando Abreu
Acho que deve ser a quinta ou sexta releitura. Meu livro favorito da vida. Nele, minha peça de literatura favorita da vida, a novela “Pela noite”. Ainda não li algo que me arrebate tanto quanto essa história e o modo como ela é contada.
41. Um milhão de finais felizes — Vitor Martins:
A comédia romântica que eu adorei conhecer, porque eu fujo do gênero. Sobretudo me encantam a ironia do autor e o carisma dos personagens. Gosto da oportunidade que o livro me deu de imaginar um mundo em que podemos escrever nosso próprio final feliz.
42. Carry On — Rainbow Rowell
Uma fanfic satírica de Harry Potter que virou livro. Começa bem, pois a sátira é muito inteligente e aguçada. Mas o livro peca por não saber quando parar. Terminei pensando que ele só precisava de metade do número de páginas que tem.
43. A Coragem de Ser Imperfeito — Brene Brown
Cada vez mais tenho precisado acolher minha vulnerabilidade. Esse livro foi um bom apoio para começar esse processo.
44. Leonardo Da Vinci — Walter Isaacson
Biografia de uma personalidade tão encantadora quanto enigmática. Sobretudo, ler sobre Da vinci me possibilitou exercitar a noção de que a história de um grande artista/pensador não deve ser apagada ou deixada à sombra de suas obras primas.
45. O Código Da Vinci — Dan Brown
Reli só pela piada. À luz da biografia, as conspirações alimentadas por essa farofa ficaram até meio infantis. Sem falar que fiquei meio decepcionado por perceber, afinal, que a grande polêmica do livro foi ter afirmado que Jesus casou e teve filhos. O Cristianismo sofre seriamente de falta do que reclamar. Não posso deixar de destacar, enfim, a frase que me fez gaitar no meio do trabalho, ao lê-la: “Sim, Jesus foi o primeiro feminista da história”. Infelizmente, homem cis escrevendo é uma merda.
46. Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola — Maya Angelou
Autobiográfico e de uma sensibilidade encantadora com as palavras. Importante livro, também. Leiam.
47. Bling Ring — A Gangue de Hollywood — Nancy Jo Sales
O que mais me chamou atenção, ao ler sobre a gangue de filhinhos de papai que roubava mansões de celebridades em Hollywood foi menos pelos fatos criminosos em si, e mais pelo que a autora analisa como sendo a causa deles. Sobretudo, esse livro é uma crítica muito necessária a atual cultura da vaidade e da ostentação alimentada pelas redes sociais. Achei excelente. Ah, e o filme da Sofia Coppola é ótimo também.
48. Nossas Noites — Kent Haruf
Singelo e emocionante. Raros autores tratam a terceira idade com a sensibilidade e o respeito expressos nessa história. Notei que preciso ler mais romances sobre pessoas velhas. Juventude me cansa.
49. O chalé no fim do mundo — Paul Tremblay
Estou até agora sem saber direito como reagir a essa história. Cheguei ao título por acaso, não sabia do que se tratava. Fui me descaralhando um pouco mais a cada capítulo. Permaneço tentando aplicar interpretações para os acontecimentos. Tem que ter estômago pra ler. Mas distrai e te arrebata muito bem.
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Como disse no começo, ao reparar bem na lista desse ano, me decepciono um pouco, pois não li tantas coisas novas quanto gostaria e, ainda por cima, o pouco que li foi mal aproveitado. Os acontecimentos do ano, porém, não ajudaram, nem a nível social, nem a nível pessoal. Passei por muitas mudanças e oscilações, isso ficou refletido em como encarei o ato de ler em 2019. Torço pra que eu leia melhor em 2020. Também torço pra que 2020 me permita ler melhor.