Minhas Leituras de 2016 — Breve apreciação retrospectiva
Esse ano, resolvi começar a listar as minhas leituras de fruição, pra não me perder no meio de títulos e memórias literárias daqui pra…
Esse ano, resolvi começar a listar as minhas leituras de fruição, pra não me perder no meio de títulos e memórias literárias daqui pra frente. Já que a lista estava à mão, segui com um breve comentário sobre cada obra. A quem interessar, vejamos. A lista está em ordem cronológica de leitura.
1. O Senhor das Moscas — William Golding
Leitura de 1º de janeiro de 2016, envolvente, boa pra recuperar da ressaca de Réveillon, um clássico que merece ser lido.
2. Neon Azul — Eric Novello
Conheci o autor por este livro, me apaixonei no primeiro conto, estilo de escrita muito sedutor. Fantasia urbana brasileira maravilhosa.
3. Uma Longa Queda — Nick Hornby
Leve, apesar do tema “suicídio”. Aborda com sensibilidade, mas sem melodrama.
4. Crash — J. G. Ballard
É um soco no estômago mesmo. Não me chocou, mas também não saí intacto da leitura. Para corações calejados.
5. A Redoma de Vidro — Sylvia Plath
Percebe-se uma temporada meio autodestrutiva do meu ano, sim? É um livro muito doloroso de se ler e que, por isso, precisa ser lido por todos.
6. Crepúsculo dos Ídolos — Friedrich Nietzsche
Não ficção. Curtinho, daí que li muito rápido, acabei não me aprofundando. Talvez precise revisitar.
7. O Sol É Para Todos — Harper Lee
Posso dizer que, até hoje, esse foi apenas o 2º livro que me fez chorar.
8. Pequeno Irmão — Cory Doctorow
Atualiza distopias políticas para jovens contemporâneos de maneira ágil. Não me marcou, mas recomendo.
9. Numero Zero — Umberto Eco
Uma morte horrível de ler. Não esperava nada, e ainda assim me decepcionei com a superficialidade da crítica que Umberto faz aqui.
10. Americanah — Chimamanda Ngozi Adichie
Tudo que eu mais gosto de ler em um romance contemporâneo tem aqui. Rico e sem firula literária. De um colorido que eu gostaria de ver mais nos romancistas atuais.
11. Dom Casmurro — Machado de Assis
Releitura. Queria experimentar de novo, com a mentalidade de agora. Continua um de meus clássicos favoritos.
12. Pé Na Estrada — Jack Kerouac
Uma palavra: superestimado.
13. A Vida no Céu — Jose Eduardo Agualusa
Achei este sem querer, trama muito interessante, mas que perde por ser muito curto. Queria ter lido mais sobre essa história.
14. O Velho e o Mar — Ernest Hemingway
Releitura. Continua um de meus favoritos.
15. Mistborn: O Império Final — Brandon Sanderson
Alta fantasia que discute questões reais importantes dentro de um universo muito bem construído. Sistema de magia muito consistente e instigante. Meta para 2017 é ler o segundo da trilogia.
16. Coraline — Neil Gaiman
Gaiman sendo Gaiman, no nicho que mais gosto de ler dele, aquela infantilidade melancólica e sombria. Amei.
17. A Terra Inteira e o Céu Infinito — Ruth Ozeki
Te prende às páginas de um jeito incompreensível. O final é que me deixou meio assim, assim, não sei se gostei. Mas a jornada vale muito a pena.
18. Palomar — Italo Calvino
Contos interessantes. Um livro de suposições filosóficas literalizadas. Daqueles que a sua leitura só começa quando o livro acaba.
19. A Arte de Produzir Efeito Sem Causa — Lourenço Mutarelli
Envolvente demais. A linguagem do Mutarelli numa trama dessa esquisitice só pode ser excelente.
20. Os Dragões Não Conhecem o Paraíso — Caio F. Abreu
Caio sendo Caio. Excitante e agudo como sempre. Contém alguns dos contos clássicos do autor. Mas o meu favorito daqui foi “Pequeno Monstro”.
21. Norwegian Wood — Haruki Murakami
Deliciosamente melancólico. Parece uma música que a gente ouve ao fundo, sem precisar prestar muita atenção, pois toca em algo mais profundo do que apenas os sentidos.
22. Morangos Mofados — Caio F. Abreu
Releitura. Depois de Dragões, quis revisitar o primeiro livro que li de Caio. Não me arrependi. O conto “Aqueles Dois” segue sendo meu favorito deste volume.
23. O pacifista — JOHN BOYNE
Excelente. Discute homofobia disfarçada de urgência, em meio ao caos do corpo numa guerra. Achei o final simplesmente fantástico.
24. Olhai os Lírios do Campo — Erico Veríssimo
Boa história, excelente reflexão. Mas achei mais longo do que precisaria. Pra mim, o livro perdeu o tempo de terminar umas três vezes.
25. O Fim da Eternidade — Isaac Asimov
Protagonista simplesmente antipático. Criei, a partir daqui, um problema com ficção científica dura, quando não se preocupa em desenvolver personagens e curva dramática. Acaba sendo mais um romance que expõe uma tese usando uma frágil camada de ficção pra exemplificar os conceitos que deseja tratar.
26. Exorcismos, Amores e uma Dose de Blues — Éric Novello
Voltei ao Novello. Não decepcionou no estilo. Cena de sexo mais excitante que já li em algo que não seja do Caio F. Abreu. Pena que não curti muito a trama em si.
27. O Conto da Aia — Margaret Atwood
Depois de terminar, lamentei ter concluído que esta distopia não faz parte da trindade clássica distópica, provavelmente, por ter sido escrita por uma mulher. Pra mim, está um nível acima das distopias clássicas mais aclamadas.
28. A Garota no Trem — Paula Hawkins
Adorei a realidade dos personagens. Discute temas importantes de maneira envolvente. Apenas achei previsível o final, por isso tenho sentimentos conflitantes com a obra.
29. A Mão Esquerda da Escuridão — Ursula K. Le Guin
Decepcionado com a discussão acerca da crítica aos papéis de gênero que esperei encontrar aqui. O estilo também me foi um pouco cansativo. A trama tampouco foi totalmente interessante. Queria ter gostado.
30. Ainda Estou Aqui — Marcelo Rubens Paiva
Não ficção. Gosto do Marcelo por causa de “Feliz Ano Velho”. A história da mãe dele, que envolve a Ditadura Militar, foi bastante interessante de se ler. Pra nunca esquecermos.
31. O País dos Cegos e Outras Histórias — H. G. Wells (Org. Braulio Tavares)
O conto que dá nome à coletânea foi interessante, pra mim, por motivos óbvios. Mas só gostei dele mesmo. Comecei a compreender que a ficção científica clássica está me soando cada vez mais ultrapassada.
32. Tá Todo Mundo Mal: O Livro das Crises — Jout-Jout
Não ficção. Sim, me julguem. Amo ela. Apesar de livro de Youtuber, não achei ruim. É bonzinho, mas é muito #ClasseMediaSofre pra mim. Poderia ter passado.
33. Battle Royale — Koushun Takami
Apesar de muito visceral, achei raso. Gostei da leitura, mas não pude deixar de pensar que Jogos Vorazes, obra que acusam ser plágio desta, aprofunda-se muito mais na crítica que a situação exposta possibilita. Quer gore? Tem de sobra. Mas só.
34. A Guerra do Velho — John Scalze
Decepcionei-me pois, por causa do título e do início da trama, pensei que trataria com tridimensionalidade sobre personagens idosos. Eles não permanecem idosos, a discussão se dissipa. Acaba se tornando uma versão de Tropas Estelares, só que com super soldados verdes. Sei que tem mais dessa série, mas não continuarei.
35. A Psicologia das Cores — Eva Heller
Não ficção. Saber que mesmo este estímulo mais predominante para o conhecimento também tem seus significados construídos socialmente me foi importante pra aprender a lidar com as cores sem necessariamente enxergá-las.
36. A Cidade e a Cidade — China Mieville
Livro importante. Mas o estilo do China não ornou comigo de jeito nenhum. Sofri pra terminar, quase desisti. Vou tentar “Estação Perdido” em 2017, pra ver se me redimo.
37. Nada de Novo no Front — Erich Maria Remarque
Livro de guerra, aquela coisa, comove, revolta, surpreende, etc. Bom.
38. Harry Potter and the Cursed Child — Jack Thorn (e outros)
Peça. Uma fanfic MUITO MAL FEITA.
39. A Menina Submersa — Caitlin R. Kiernan
Arrepiou meus pelinhos todos. Thriller psicológico bem intenso. E é daquelas histórias que não te dão respostas no final, o melhor tipo de história.
40. O Carrasco do Amor — Irvin D. Yalon
Não ficção. Indicação do Podcast Mamilos. Apesar do nome péssimo, é um ótimo livro de psicologia com casos interessantíssimos que expõem o processo da psicoterapia na sua mais vulnerável intimidade: as incertezas do próprio psicoterapeuta.
41. Comunicação Não Violenta — Marshall B. Rosenberg
Não ficção. Esse ano, notei que precisava aprender a me comunicar menos agressivamente. Ainda estou longe de ser bom nisso. Mas tento.
42. O Diário de Anne Frank — Anne Frank
Não ficção. É clássico, mas, pra mim, foi daqueles livros que parecem mais interessantes quando conversamos sobre eles, do que propriamente enquanto os estamos lendo.
43. A Casa de Vidro — Ana Fagundes
Fantasia maravilhosa e bem escrita. Conto ligeiro, estava grátis pra Kindle. Exemplo de que obras fantásticas não precisam sacrificar a densidade em prol de uma construção de universo.
44. O Alienista — Machado de Assis
Releitura. Ainda atualíssimo, infelizmente.
45. Histórias de Hogwarts: Poder, Política e Poltergeists Petulantes — Coletânea do site Pottermore — J.K. Rowlling
Para potterheads como eu, muito gostosinho.
46. Silo: Legado — Hugh Howey
Síndrome da terceira parte. Os dois anteriores foram excelentes, eu não desgrudava da história. Esse, apesar de não ser ruim, também não foi tão bom assim. A trilogia termina decentemente, mas faltou algo aqui.
47. Viagem Solitária: Memórias de um Transexual 30 Anos Depois — João W. Nery
Não ficção. Autobiografia interessantíssima sobre o primeiro homem trans a ser operado no Brasil. Um estilo de escrita delicadíssimo. Uma história de vida muito sensível. E ainda tive o privilégio de entrevistar o João pro HQ da Vida, ele é encantador.
48. A Lição de Anatomia do Temível dr Louison — Eneias Tavares
Inteligentíssimo. A estrutura me foi um pouco indigesta, mas a história e o estilo do Eneias, o modo como ele brinca com os personagens clássicos da nossa literatura e a maneira de amarrar a trama, tudo é executado magistralmente.
49. História da sua Vida e Outros Contos — Ted Chiang
Fui ler pelo hype do filme “A Chegada”. Posso ser bem realista? (CABELLO!) Achei superestimado. Os dois últimos contos deste volume me pareceram infinitamente mais interessantes, um deles esboçando, inclusive, uma discussão sobre capacitismo de maneira bastante inteligente.
50. Dois Irmãos — Milton Hatoun
Foi legal pra terminar o ano. Gostei do estilo do Milton, e da ambientação do romance. Daquelas leituras pra degustar o texto mais do que pra descobrir a história.
Ufa! Não tenho meta de leitura pro ano que vem. Nem tive pra este. Li quantos quis e quantos pude. Farei o mesmo em 2017. Minha meta é apenas listar. Comenta aí se você leu algum desses e tem uma opinião diferente da que eu tive. =D